Projeto Estacionamento Av. MT - Não Remoção das Árvores

por Rejane Andrade publicado 02/08/2018 15h23, última modificação 05/10/2022 09h45

Ás Vossas Senhorias Vereadores de Querência MT Diante de toda repercussão causada pelo projeto de revitalização da avenida Mato Grosso, com a remoção das arvores existentes para implantação de estacionamento oblíquo, cuja movimentação em redes sociais ocasionou o debate sobre este projeto, com manifestação de inúmeros moradores da cidade e que comungam do mesmo sentimento de repulsa, não ao projeto do estacionamento que nos parece interessante, mas sim ao fato de remover as árvores que neste local se encontram em pleno desenvolvimento e por ter outras necessidades cujo investimento seria mais proveitoso. Vemos que na atual conjuntura econômica do país, que acaba por trazer problemas a todos os municípios, a melhor distribuição dos recursos em investimentos necessários e urgentes, não seja apenas faculdade da administração pública e sim uma obrigatoriedade. Inúmeros outros setores estão mais carentes de recursos, outros projetos podem ser, neste atual momento repita-se, de importância imensuravelmente maior. O total a ser gasto em uma obra como a que vem sendo planejada, não será útil para a população de modo geral, existindo outras necessidades de cunho urgente e mais importante. Não conseguimos verificar a real necessidade da obra a ser implementada, o fluxo de veículos no referido local é baixo, somente sazonalmente ocorre um pequeno aumento, quando da realização de encontros nas Instituições religiosas que lá existem, lembrando-se serem, em sua grande maioria, realizados em período noturno, horário de temperaturas mais amenas, o que não impedira de um indivíduo estacionar um pouco mais afastado e deslocar-se caminhando até o local do encontro. Enfim, desnecessário no atual momento pois existem demandas municipais mais importantes, que requerem investimento urgente, como deve ser de vosso conhecimento. Os senhores como representantes da comunidade de Querência, como tanto frisam, fiscais do povo, deveriam antes de mais nada, realizar um levantamento do que é urgente e realmente necessário para a cidade, para posteriormente puxar a cadeira para algum tema, digamos, de peso inferior frente as necessidades que tanto o povo clama. O dinheiro público não pode ser aplicado de forma desleixada, sem critérios, primeiramente, a necessidade deve existir e ser superior a outras para que justifique a aplicação de numerários públicos. Bom, os senhores são conhecedores das vossas funções, e ao passo que eleitos foram, se desvincularam com a figura do seu eleitor para agir com fulcro no que a cidade precisa. Não deve existir a figura do “meu eleitor” ou como tanto ouvimos, “o meu vereador”, após eleito tornam-se vereadores de todos, e para todos servir, sendo imparciais, buscando a melhoria para o município. Portanto, traremos alguns pontos a serem analisados neste tema que veio a causar alvoroço na cidade, um projeto assinado e apoiado por vereadores, cremos que não todos, alguns devem ter visto com outros olhos o que estará sendo realizado. Note-se que a espécie arbórea, cito as árvores, popularmente conhecidas como Oiti – Licania tomentosa , são nativas do território brasileiro, especificamente da mata atlântica e restinga costeira do nordeste, o que explica a sua resistência a estiagem. Seu crescimento varia de 8 a 15 metros de altura. Possui tronco ereto e crescimento uniforme, uma copa densa e raízes não agressivas. Pontos estes que tornam o oiti ideal para plantio urbano e fins ornamentais. Frise-se aqui a sua não agressividade radicular assim podendo ser plantadas em calçadas sem riscos de futuros problemas com seu sistema radicular. Por possuir uma copa globosa e densa, gera uma sombra agradável durante todo o ano, até mesmo neste período de estiagem que varia de abril á setembro o oiti encontra-se verde e repleto de folhas, sem necessidade de rega. A rega é necessária somente no primeiro ano quando seu sistema radicular é pequeno, posteriormente tornando-se desnecessária. Tal copa ainda tem inúmeros outros benefícios, sendo eles, redução dos ruídos, refrescar o ambiente, e em nosso município ainda forma uma barreira contra os ventos e o pó trazido pelos vendavais. Enfim, poderíamos citar muitos outros benefícios, que todos são conhecedores, mas o que mais vem ao caso, é a melhora da qualidade de vida da população da cidade. Esta qualidade de vida trata-se, em definição da Organização Mundial da Saúde como “a percepção que um indivíduo tem sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais está inserido e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”, tal definição contempla tanto a saúde física como psicológica. Dentre muitos dos fatores que interferem diretamente na qualidade de vida do indivíduo está à questão do meio ambiente. Este meio ambiente diz respeito ao que circunda o indivíduo, e as áreas verdes possibilitam tanto uma melhora na qualidade de vida física da pessoa, pois possibilita um espaço agradável para exercícios e ao mesmo tempo proporciona ganhos psicológicos que um ar mais puro e o local agradável venha a propiciar. Não é a toa que em clinicas para relaxamento o contato com a natureza se faz necessário, é um calmante para a vida agitada. Verifica-se que as cidades com maior qualidade de vida, as melhores para se morar, tem uma ampla área verde, e a proteção ao meio ambiente saudável é tido com um dos pontos primordiais. Algumas cidades possuem um plano diretor especifico para ampliação, manutenção e revitalização de áreas verdes. Não é apenas um capricho do Estado, mas trata-se de um direito constitucional usufruir de um meio ambiente saudável, essencial à sadia qualidade de vida, sendo dever do poder público e da coletividade defende-lo e preserva-lo para gerações presentes e futuras (art. 225 da CRFB), da mesma forma a Lei Orgânica do Município traz este mesmo direito em seu artigo 159. De forma complementar outros pontos da lei maior municipal trazem a defesa do meio ambiente como fator vinculado a qualidade de vida e saúde da comunidade. Diante destes fatos citados, vê-se que a preservação das árvores nos canteiros centrais, não só da Avenida Mato Grosso, mas nas demais avenidas e espaços públicos, tornam-se necessário e pertinente. Vemos outro detalhe, nestes ambientes citados, estão livres de qualquer fiação elétrica, podendo as referidas árvores se desenvolverem livremente, reduzindo-se a necessidade de intervenção com podas, exceto as de manutenção. Isso não é possível nas plantas que se encontram nas calçadas, pois seu desenvolvimento está restrito á fiação dos postes, a iluminação, enfim, vários problemas que não se verifica nos canteiros centrais e quadras públicas. Realizando-se um comparativo entre as árvores presentes nas avenidas com a substituição por palmeiras, indiferente da espécie, tem-se que os custos serão praticamente os mesmo, as palmeiras necessitam de manutenção, podas de folhas, limpezas de seu entorno, assim como nos oitis ou outras espécies arbóreas já citadas. As palmeiras, como se verifica nas demais avenidas, tem crescimento desuniforme, pois estão dependentes, em sua maioria, a regas, o que vem a ser um gasto, com a água utilizada, com a água desperdiçada por vandalismo e com a substituição de materiais que são furtados. A questão de sujeira que supostamente essas árvores produzem, é facilmente desconsiderada frente aos benefícios proporcionados. Com todo bônus vem o ônus, e este ônus é ínfimo, os benefícios já citados são bem maiores do que o cair de folhas e frutos. Outro ponto, o beneficio trazido por palmeira, de qualquer espécie, para a qualidade de vida é muito menor, não fornecem uma sombra de boa qualidade, não tem uma copa com capacidade de refrescar o ambiente, não estarão contribuindo na redução do ruído e não impedirão os ventos e o pó de se propagar, o que as árvores, como o oiti, ipê, Jamelão, entre outros, o fazem com maestria. Nas palmeiras a beleza estética somente se verifica se forem realizados tratos culturais periódicos e ainda uma irrigação de qualidade, pelo contrario, as árvores estarão naturalmente mantendo sua beleza e ainda, certas espécies, podem proporcionar um lindo espetáculo com sua floração, o caso dos ipês. Seguindo-se a análise, as propensões futuras de crescimento do município, chega-se a um ponto controverso, da mesma forma que estão alegando a melhora na circulação das avenidas diante do aumento no número de veículos, não seria interessante um projeto de mobilidade urbana geral, que não atenda somente aos que fazem uso de veículos automotores, mas, de forma importantíssima, que tal projeto se estenda a todos os meios de locomoção, onde os espaços destas avenidas seriam utilizados para circulação de pessoas em caminhadas ou outros meios como bicicletas. Deste modo, seria interessante que se pensasse desde agora, para lá na frente não ser necessário gastos e transtornos com obras para adequar a estas novas necessidades. Diante disso, o fato de conservar a avenida arborizada, realizando-se a obra sem sacrificar o que hoje lá existe, seria a melhor alternativa, usando-se a necessidade e preservando o que já teve de investimento durante anos. Não seria a mesma coisa que despejar dinheiro no ralo? Quantos anos já se foram mantendo-se as avenidas em tão belo estado? Agora iniciar do zero, todo o gasto que foi despejado anteriormente não irá retornar para ser investido no que ali será plantado. Ponto este a ser levado em conta ao se planejar uma obra. Um projeto que não agrida o meio ambiente, não retire as áreas verdes, não seria deixar de planejar uma cidade bela, mas sim, administrar corretamente o que já foi gasto, e pensar no que pode ser economizado. Todos devem ser beneficiados com as obras, não somente a curto, mas principalmente a longo prazo, assim fica claro que a manutenção das avenidas, com a realização da obra do estacionamento entre as árvores é a alternativa melhor, econômica, social e ambiental, sem falar que será utilizada muito mais. Fica aqui uma dica, passar nestas avenidas em dia de sol escaldante e verificar onde os veículos mais estão estacionados. Temos absoluta certeza que os mesmo estão nas sombras, de um lado da avenida teremos inúmeros veículos e na outra alguns ou nenhum, pois certamente é mais agradável deixar o veículo a sombra do que ao sol. Assim, sugerimos que sejam mantidas as plantas que se encontram desenvolvidas e que se faça o estacionamento em meio a elas, o que é possível. Criando-se, em meio ao espaço que restará no centro dos canteiros, área de lazer e mobilidade, como uma ciclovia, calçada para passeio, bancos para descanso, enfim, aproveitar o espaço sombreado, cuja utilização se dará em peso, assim como é a praça central, que hoje possui das mesmas árvores em porte semelhante e que são sempre sendo utilizadas para lazer da população. Cremos que o progresso é necessário e bem vindo, desde que conciliado com meios de manutenção do meio ambiente urbano que está intrinsecamente atrelado à qualidade de vida. Diante disso estamos à disposição para discutir meios, formas de se chegar a um consenso, pode-se pensar em vários meios, projetos que, segundo especialistas da área, é possível a realização sem sacrificar as árvores existentes, bastando para isso planejamento e é claro boa vontade. Como devem ter reparado, neste documento encontra-se um projeto praticamente explicito, elaboração de um plano diretor de mobilidade urbana, juntamente com preservação de áreas verdes para lazer, mas lembrando-se novamente, planejamento é tudo, este projeto só será viável quando não existirem necessidades maiores ou que possa ser implementado dentro do orçamento anual. Voltamos a lembrar, preservar o verde não é andar na contra mão do progresso, e sim pensar nas gerações futuras a começar pela de amanhã. Com planejamento tudo será melhorado sem prejuízos a ninguém, o Estado esta aí para servir aos interesses da sociedade, livre de qualquer interesse particular. Querência merece ser vista como uma cidade ótima, não somente por beleza, mas sim por qualidade de vida. Querência – MT, 1º de agosto de 2018. Cleber Luiz Dierings dierings@uol.com.br (44) 9 9731-2003

: 02/08/2018 15h17
: Solicitação
: Faltando: plenario
: 20180802151700
: Resolvida

Respostas

1

: Reji
: 02/08/2018 15h25
: Aceito

Boa Tarde, obrigada pelo contato
encaminharei ao vereadores sua solicitação.


Rejane- ouvidora

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